Santo Agostinho, ao refutar o maniqueísmo, abordou uma questão central que permanece relevante até hoje: a responsabilidade individual em nossas escolhas e comportamentos. Ele acreditava que o mal não era uma força externa controlando as pessoas, mas sim a ausência do bem, algo que poderia ser corrigido pela prática consciente da virtude e da responsabilidade. Essa visão ressoa fortemente com os princípios da inteligência emocional, uma competência essencial nos dias atuais.
Na sociedade moderna, muitas vezes vemos narrativas que atribuem os comportamentos humanos exclusivamente a fatores externos, como o ambiente ou as pressões sociais. Embora esses aspectos influenciem nossas ações, a inteligência emocional nos ensina que é nossa responsabilidade administrar nossas emoções e reações, independentemente das circunstâncias. Ou seja, apesar das influências externas, somos nós que controlamos como lidamos com nossos sentimentos e respondemos aos desafios.
A inteligência emocional é a capacidade de reconhecer, entender e gerenciar nossas próprias emoções, bem como compreender as emoções dos outros. Ela nos permite assumir responsabilidade pelas nossas escolhas, em vez de simplesmente culpar fatores externos. Assim como Agostinho sugeriu que o ser humano tem a liberdade de escolher entre o bem e o mal, a inteligência emocional nos oferece ferramentas para fazer escolhas conscientes, baseadas no autoconhecimento e na autorregulação.
No entanto, o relativismo contemporâneo, que questiona a existência de verdades absolutas, pode complicar a adoção de padrões claros de comportamento. Quando tudo parece depender de uma perspectiva individual, pode ser difícil estabelecer parâmetros sólidos sobre o que é certo ou errado. Isso também afeta a inteligência emocional, pois sem uma compreensão clara de nossos valores e princípios, podemos cair na armadilha de justificar comportamentos inadequados com base em nossas circunstâncias.
A inteligência emocional, nesse contexto, se torna um antídoto ao relativismo. Ela nos capacita a avaliar nossas emoções e reações de forma mais crítica, ajudando-nos a agir com base em princípios e valores sólidos, e não apenas impulsos momentâneos ou pressões externas. Isso é crucial tanto no ambiente pessoal quanto no profissional, onde a capacidade de lidar com emoções de maneira madura e responsável se traduz em melhores relacionamentos e decisões mais equilibradas.
Portanto, tanto as ideias de Santo Agostinho quanto o conceito de inteligência emocional nos ensinam sobre a importância de refletir sobre nossas escolhas e não minimizar o nosso papel nas consequências das nossas ações. Desenvolver a inteligência emocional é fundamental para navegar nas complexidades da vida moderna, pois nos permite alinhar nossas emoções com nossas ações, contribuindo para uma sociedade mais consciente, ética e responsável.